Homens “frouxos”
- Edmar Francisco Theodoro
- 10 de ago. de 2022
- 2 min de leitura

Acho que todo homem conhece essa expressão muito bem, é daquele conjunto de palavras que a gente aprende a fugir como o di@bo foge da cruz: fraco, impotente, feminino, bixa, beta, etc. Palavras usadas pra revogar a nossa carteirinha de homem, e nos forçar a lutar com unhas e dentes pra voltar a ser reconhecido no clube do Bolinha.
Vamos analisar como isso acontece, espero mostrar porque eu desejo e trabalho para que esse clube se desintegre.
Rótulos como esses são formas de controle social* muito fortes. Basta um homem apresentar alguma característica “feminina” para que essas regras da masculinidade sejam evocadas (você não pode, você é inferior, você deveria ser de outro jeito!). E a punição? Humilhação pública, no mínimo.
A lista de proibições aumenta ao bel prazer de quem faz o julgamento. Basta que um outro homem queira te punir, e ele vai analisar cada detalhe das suas ações, postura, vestimenta e tom de voz, para achar alguma coisa que passou da linha, que faltou em “macheza”…
Não brigou no trânsito? Frouxo. Não “pegou” uma mulher? Bixa. Chorou, foi carinhoso ou sentiu medo? Você já sabe a resposta.
Todos nós reproduzimos isso bastante, seja apontando o dedo ou só rindo da piada, mantendo os homens na linha. É uma cultura de medo e vergonha.
No meio disso, quem são os verdadeiros frouxos, quem tem mais medo de ter a carteira revogada?
Quem deveria sentir vergonha são homens incapazes de reconhecer e acolher em outras pessoas as fragilidades (humanidade) que tem em si. Que morrem de medo de encarar os próprios sentimentos, e de expressá-los. Homens que sustentam a farsa que aprisiona também a si próprios.
Eu não quero fazer parte disso, quero construir um mundo de aceitação, de coragem, de apoio e amor.
Um abraço a todes que trabalham para afundar esse clube.
*Obs: Há vários outros controles sociais junto desse: a homofobia, o machismo, a transfobia, o racismo, o classismo… Eles se combinam para criar uma hierarquia de poder bem explícita. É só ir num jantar de família e ver quem pode ou não contestar o julgamento.
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